12 de julho de 21

Pisando e repisando  as merdas?

Quando vamos perdendo a visão, os perfumes e os mau cheiros se intensificam muito para o olfato....

Quando decidi, no início da pandemia, fazer todos os dias meia hora de caminhada pelo quintal  com meus dois cães, me dei conta do aumento da minha capacidade olfativa.

Os perfumes das flores, da árvore de  eucalipto, de alguma comida gostosa que algum vizinho preparava eram gritantes...

Assim como os mau cheiros, e porque não dizer, o cheiro da merda dos cães era demasiado forte e desagradável para um olfato de cego...

Desenvolvi uma metodologia para este desagrado olfativo:

Todos os dias antes da caminhada, coloco uma luva de borracha nas mãos e fico andando de cócoras ou mesmo abaixando o tronco à cada passo para tatear o caminho e tirar as merdas, que coloco em um balde reservado só para esta tarefa, com folhas secas no fundo. Depois que acabo toda a averiguação, enterro tudo em uma parte do quintal que não piso...

Depois de um tempo realizando todos os dias esta mesma tarefa desagradável, comecei a me perguntar se eu merecia isto...

Ao mesmo tempo sabia, lá no fundo de meu ser, que isto era um aprendizado e que deveria tirar algo de bom de tudo aquilo.

Depois de quase um ano e meio, reconheci o que deveria apreender de toda esta situação:

Digamos que esta tarefa não é muito agradável, logo, devemos aceitar e fazer este tipo de atividade de uma forma que trabalhemos nossa humildade e flexibilidade. Pois no mundo não existem apenas trabalhos agradáveis e limpinhos para serem executados.

Quando coleto todas as merdas e as enterro em uma parte do quintal que não piso,o significado de tudo isto é que não devo repisar as merdas, nem físicas e muito menos emocionais, porque o ser humano tem a capacidade de pisar as merdas emocionais  e repisar infinitas vezes mais??

Se repisamos as merdas emocionais, porque não deixamos as merdas físicas para repisarmos infinitas vezes também?

 Amor e paz