o que é tuberculose?

o que é tuberculose?

Tuberculose

Publicado em
05/11/2019

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta
prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e/ou
sistemas. A doença é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de
Koch.

Cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose no
mundo, e a doença leva mais de um milhão de pessoas a óbito
anualmente. A forma pulmonar, além de ser mais frequente, é
também a mais relevante para a saúde pública, principalmente
a forma positiva à baciloscopia, pois é a principal responsável
pela manutenção da cadeia de transmissão da doença.

Quais são as manifestações clínicas?

A forma pulmonar, além de ser mais frequente, é também a mais relevante para
a saúde pública, principalmente a positiva à baciloscopia, pois é a principal
responsável pela manutenção da cadeia de transmissão da doença.

A forma extrapulmonar, que acomete outros órgãos que não o pulmão, ocorre
mais frequentemente em pessoas que vivem com o HIV, especialmente entre
aquelas com comprometimento imunológico.

Quais são os sintomas?

O principal sintoma da tuberculose pulmonar é a tosse na forma seca ou
produtiva. Por isso, recomenda-se que todo sintomático respiratório, que é a
pessoa com tosse por três semanas ou mais, seja investigado para tuberculose.
Há outros sinais e sintomas que podem estar presentes, como:

Febre vespertina
Sudorese noturna
Emagrecimento
Cansaço/fadiga

Caso a pessoa apresente sintomas de tuberculose, é
fundamental procurar a unidade de saúde mais próxima da
residência para avaliação e realização de exames. Se o
resultado for positivo para tuberculose, deve-se iniciar o
tratamento o mais rápido possível e segui-lo até o final.

Como é feito o diagnóstico?

Para o diagnóstico da tuberculose são utilizados os seguintes exames:

Bacteriológicos

Baciloscopia
Teste rápido molecular para tuberculose
Cultura para micobactéria

Por imagem (exame complementar)

Radiografia de tórax

A radiografia de tórax deve ser realizada em todas as pessoas
com suspeita clínica de tuberculose pulmonar. Juntamente com
as radiografias de tórax, sempre devem ser realizados exames
laboratoriais (baciloscopias e/ou teste rápido molecular e
cultura) na tentativa de buscar o diagnóstico bacteriológico.

O diagnóstico clínico pode ser considerado, na impossibilidade de se comprovar
a tuberculose por meio de exames laboratoriais. Nesses casos, deve ser
associado aos sinais e sintomas o resultado de outros exames complementares,
como de imagem e histológicos.

Como é transmitida?

A tuberculose é uma doença de transmissão aérea e se instala a partir da
inalação de aerossóis oriundos das vias aéreas, durante a fala, espirro ou tosse
das pessoas com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea), que lançam no ar
partículas em forma de aerossóis contendo bacilos.

Calcula-se que, durante um ano, em uma comunidade, um indivíduo que tenha
baciloscopia positiva pode infectar, em média, de 10 a 15 pessoas.

Bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e outros objetos dificilmente
se dispersam em aerossóis e, por isso, não têm papel importante na transmissão

da doença.

A tuberculose NÃO se transmite por objetos compartilhados,
como talheres, copos, entre outros.

Com o início do tratamento, a transmissão tende a diminuir gradativamente e,
em geral, após 15 dias de tratamento, ela se encontra muito reduzida.

No entanto, o ideal é que as medidas de controle sejam implantadas até que
haja a negativação da baciloscopia, tais como cobrir a boca com o braço ou lenço
ao tossir e manter o ambiente bem ventilado, com bastante luz natural.

O bacilo é sensível à luz solar e a circulação de ar possibilita a dispersão das
partículas infectantes. Por isso, ambientes ventilados e com luz natural direta
diminuem o risco de transmissão.

Como é feito o tratamento?

O tratamento da tuberculose dura no mínimo seis meses, é gratuito e está
disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), devendo ser realizado,
preferencialmente, em regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO).

São utilizados quatro fármacos para o tratamento dos casos de tuberculose que
utilizam o esquema básico: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol.

O TDO é indicado como principal ação de apoio e monitoramento do tratamento
das pessoas com tuberculose e pressupõe uma atuação comprometida e
humanizada dos profissionais de saúde.

Além da construção do vínculo entre o profissional de saúde e a pessoa com
tuberculose, o TDO inclui a ingestão dos medicamentos pelo paciente realizada
sob a observação de um profissional de saúde ou de outros profissionais

capacitados, como profissionais da assistência social, entre outros, desde que
supervisionados por profissionais de saúde.

O TDO deve ser realizado, idealmente, em todos os dias úteis da semana. O local
e o horário para a realização do TDO devem ser acordados com a pessoa e com o
serviço de saúde.

A pessoa com tuberculose necessita ser orientada, de forma clara, quanto às
características da doença e do tratamento a que será submetida. O profissional
de saúde deve informá-la sobre a duração e o esquema do tratamento, bem
como sobre a utilização dos medicamentos, incluindo os benefícios do seu uso
regular, as possíveis consequências do seu uso irregular e os eventos adversos
associados.

Todas as pessoas com tuberculose devem fazer o tratamento até o final.

Logo nas primeiras semanas do tratamento, o paciente se
sente melhor e, por isso, precisa ser orientado pelo
profissional de saúde a realizar o tratamento até o final,
independentemente da melhora dos sintomas. É importante
lembrar que o tratamento irregular pode complicar a doença e
resultar no desenvolvimento de tuberculose drogarresistente.

Como prevenir?

Vacinação com BCG

A vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin), ofertada no Sistema Único de Saúde
(SUS), protege a criança das formas mais graves da doença, como a tuberculose
miliar e a tuberculose meníngea. A vacina está disponível nas salas de vacinação
das unidades básicas de saúde e maternidades.

Essa vacina deve ser dada às crianças ao nascer, ou, no máximo, até os quatro
anos, 11 meses e 29 dias.

Tratamento da Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis

O tratamento da Infecção Latente da Tuberculose (ILTB) é uma importante
estratégia de prevenção para evitar o desenvolvimento da tuberculose ativa,
especialmente nos contatos domiciliares, nas crianças e nos indivíduos com
condições especiais, como imunossupressão pelo Vírus da Imunodeficiência
Humana (HIV), comorbidades associadas ou uso de alguns medicamentos.

Para isso, é importante que a equipe de saúde realize a avaliação dos contatos
de pessoas com tuberculose e ofereça o exame para diagnóstico da ILTB aos
demais grupos populacionais, mediante critérios para indicação do tratamento
preventivo.

Controle de infecção

O emprego de medidas de controle de infecção também faz parte das ações de
prevenção da doença, tais como: manter ambientes bem ventilados e com
entrada de luz solar; proteger a boca com o antebraço ou com um lenço ao tossir
e espirrar (higiene da tosse); e evitar aglomerações.

Populações vulneráveis

Além dos fatores relacionados ao sistema imunológico de cada pessoa e à
exposição ao bacilo, o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, está ligado às
condições precárias de vida. Assim, alguns grupos populacionais podem
apresentar situações de maior vulnerabilidade. O quadro abaixo traz algumas
dessas populações e os seus respectivos riscos de adoecimento em comparação
com a população em geral.

Fonte: SES/MS/SINAN, IBGE
*Fonte: TBWEB, SP, 2015 e Pessoa em Situação de Rua: Censo São Paulo, capital
(FIPE, 2015).

Para o diagnóstico da tuberculose entre as populações mais vulneráveis, é
recomendado que toda pessoa que apresente tosse e/ou radiografia de tórax
sugestiva para tuberculose seja avaliada pela equipe de saúde e realize coleta
de escarro para baciloscopia ou Teste Rápido Molecular para Tuberculose,
cultura e teste de sensibilidade.

A tuberculose deve ser investigada utilizando pontos de corte específicos para
cada população, conforme quadro abaixo:

Tuberculose e HIV

A tuberculose em pessoas que vivem com HIV é uma das condições de maior
impacto na mortalidade por HIV e por tuberculose no país. Essas pessoas têm
maior risco de desenvolver a tuberculose, e muitas vezes, só têm o diagnóstico
da infecção pelo HIV durante a investigação/confirmação da tuberculose.

Devido ao risco aumentado de adoecimento por tuberculose, em toda visita da
pessoa que vive com HIV aos serviços de saúde, deve ser questionada a
presença de tosse e de febre, sudorese noturna ou ema­grecimento, os quais
associados ou não à tosse, também podem indicar tuberculose.

O diagnóstico precoce de infecção pelo HIV em pessoas com tuberculose e o
início oportuno do tratamento antirretroviral reduzem a mortalidade. Portanto, o
teste para diagnóstico do HIV (rápido ou sorológico) deve ser ofertado a toda
pessoa com diagnóstico de tuberculose. Caso o resultado da testagem para HIV
seja positivo, a pessoa deve ser encaminhada para os serviços que atendem
pessoas vivendo com HIV, e que sejam mais próximos de sua residência para dar
continuidade ao tratamento da tuberculose e iniciar o tratamento da infecção
pelo HIV.

Para as pessoas que vivem com HIV deve-se investigar e tratar
a infecção latente pelo Mycobcterium tuberculosis e
diagnosticar e tratar precocemente a tuberculose ativa.

Tuberculose e População Indígena

A população indígena no Brasil é composta por pessoas autodeclaradas
indígenas, segundo o quesito raça/cor, definido pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). No Censo Demográfico 2010, foram
contabilizadas 817.963 pessoas que se autodeclararam indígenas, o equivalente
a 0,4% da população brasileira, dos quais 502.783 residiam em área rural e
315.180 em área urbana. Segundo o Sistema de Informação de Atenção à Saúde
Indígena (SIASI), são 760.084 indígenas que vivem em territórios indígenas
(SIASI, 2018).

Nas áreas urbanas, os indígenas contam com ações de atenção à saúde
executadas pelos municípios por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Já, para
a população considerada aldeada, o acesso aos serviços de saúde é de
responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), que possui
equipes de saúde específicas para o cuidado da população indígena rural.

Tuberculose e População em Situação de Rua

Para esta população são essenciais estratégias de abordagem e de acolhimento
para a identificação precoce das pessoas com sintomas respiratórios, a garantia
do diagnóstico e o acompanhamento até fim do tratamento. Para que as ações
tenham êxito é importante a articulação envolvendo diversos setores da saúde,
assistência social e sociedade civil.

Tuberculose e População Privada de Liberdade

Celas mal ventiladas, iluminação solar reduzida e dificuldade de acesso aos
serviços de saúde, são alguns fatores que contribuem para o coeficiente elevado
de tuberculose no sistema prisional. A circulação em massa de pessoas
(profissionais de saúde e da justiça, familiares), as transferências de uma prisão
para outra e as altas taxas de reencarceramento, colocam também em situação
de risco as comunidades externas às prisões.

A população privada de liberdade representa aproximadamente 0,3% da
população brasileira, e contribui com 11,1% dos casos novos de tuberculose
notificados no país: 7.659 casos novos em 2019. Também é particularmente
elevada a frequência de formas resistentes relacionadas ao tratamento irregular
e à detecção tardia nesse grupo populacional.

Estratégias para o controle da doença devem ser adotadas entre a saúde e a
justiça, com a finalidade de detectar e tratar precocemente todos os casos de
tuberculose, seja entre os ingressos do sistema prisional e/ou entre a população
já encarcerada.

Determinantes Sociais

A tuberculose é um dos agravos fortemente influenciados pela determinação
social, apresentando uma relação direta com a pobreza e a exclusão social.

Assim, torna-se importante a interlocução com as demais políticas públicas,
sobretudo a assistência social, num esforço de construir estratégias intersetoriais
como forma de viabilizar proteção social às pessoas com tuberculose.

No âmbito federal, como resultado da articulação intersetorial entre a Saúde e a
Assistência Social, há a Instrução Operacional Conjunta nº 1, de 26 de setembro
de 2019, que estabelece orientações acerca da atuação do Sistema único de
Assistência Social (SUAS) em articulação com o Sistema Único de Saúde (SUS) no
enfrentamento da tuberculose.

Instrução Operacional Conjunta SNAS/MC e SVS/MS, nº 01 de 26 setembro de
2019

Os serviços de saúde, ao identificarem pessoas com tuberculose em situação de
vulnerabilidade, devem orientá-las a buscar os serviços da assistência social,
especialmente o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), para
avaliação das condicionalidades e posterior cadastramento para o acesso aos
benefícios disponíveis. Os programas sociais podem melhorar as condições de
vida do indivíduo e contribuir para a adesão ao tratamento da tuberculose.

Iniciativas locais (municipais ou estaduais) são importantes, como a oferta de
benefícios sociais ou incentivos como o auxílio alimentação, transporte, entre
outras, dado que fortalece a adesão ao tratamento da tuberculose, propiciando
um melhor desfecho.

Material de apoio

Rede de Teste Rápido para Tuberculose (RTR-TB) - Nova tecnologia para o
diagnóstico da tuberculose
Rede de Teste Rápido para Tuberculose (RTR-TB) - Coleta de escarro para o
diagnóstico de tuberculose

Saúde reforça importância do diagnóstico e tratamento da tuberculose -
Webconferência 22/03/2021

FONTE: SESA E MINISTÉRIO DA SAÚDE